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domingo, 18 de março de 2012

Laboratório Móvel – Março 15

Um dia normal era esse, assim como o semáforo não pára os carros na rua. Atenção ao atravessar, minha lição. Um fone de ouvido que fosse, eu não contaria mais histórias. Era terça-feira, dessas chuvosas de março, em que o enredo se dá no laboratório móvel, dentro de um prédio de segurança, próximo ao aeroporto. A teoria não pode mais que a prática, e se perder é um dom; frase que eu elaboraria na quinta-feira ao tentar acertar ao destino de transporte público, porém com sorte ando em boas companhias.

Gastou-se o período tomando familiaridade com os aparelhos de oxigênio de liberação de sedativos, assim como algumas técnicas para operar o rato. Lâminas brilhafiadas! Os maiores desafios foram entubá-lo e acertar as regiões-alvo para intervenção. Comemora-se os acertos como já não se faz mais quando há belos pôres do Sol na linha dos prédios.

A beleza de se trabalhar próximo às partidas e chegadas de aviões do mundo inteiro me completa dos sonhos acordados: viajo em solo firme. Fala-se do porvir, das ruas, da agenda. Penso, interno, o quão bonita serão as manhãs da primavera, mas só depois de atravessar na faixa!

quarta-feira, 7 de março de 2012

A Impressora não Pega o Papel – Março 6

Manhã, graus negativos, dia normal. Leitura de alguns mais papers. Resolvi comprar algo para comer em outro lugar. Pela internet, localizei no Brookline o Russian Village, um mercadinho que vende estivas, cerais e bebidas diversas importadas da Rússia, assim como almoços to go. Pedi um “almoço tipicamente russo” e sorri. A moça, moderadamente antipática, ajuntou uma carne de porco cozida em bolas temperadas e algumas batatas cozidas a base de alho e verduras, mais uma salada de repolho e tomate; tudo muito saboroso. Também havia revistas e caça-palavras russos; um templo! Os arredores do lugar permitem concluir que ali moram diversos imigrantes russos, até por avisos em cirílico no ponto de ônibus e pela fisionomia das pessoas em geral. Eu tinha fome, e não ganhei garfo. Só pude almoçar quando de volta ao laboratório. Viver é só uma vez, me acredita? Quero atribuir à coincidência o fato de que a moça que me atendeu somente abriu um sorriso, discreto, nos momentos finais, quando disse bye, depois de muito eu lançar-lhe simpatia.
Gastei semanas subindo vários andares para imprimir toda a sorte de trabalhos científicos, apesar de ter uma impressora ao meu lado. Há alguns dias, quando fui testá-la, percebi que a impressora não pegava o papel, rejeitava-o e, na verdade, girava no sentido contrário ao de recolher a folha em branco. Dias e dias passaram-se até que o Edgar levantou a possiblidade de ligar no Suporte para buscar instruções de procedimento para com a então possível danificada, inoperante impressora. A primeira ligação foi um fracasso, pois a partir de certo ponto, não entendi mais nada do que o atendente falava; pedi desculpas e disse que ligaria mais tarde. Me vendo aflito, minha colega de laboratório, Liana, se propôs a ligar, o que acompanhei. Fornecimento de dados e endereço de e-mail, tudo tão ordinário. Na hora de informar o problema ela buscou na minha expressão e eu lhe disse que a impressora não pegava o papel. Seguiu-se que a atendente pediu gentilmente que ela ligasse a impressora, esquecimento que eu não podia ter cometido, ora, seria a primeira coisa a ser fazer. Além do mais, a impressora tem tela, eu iria desconfiar se o problema fosse ligar na tomada. Em seguida, pediu-se que ela inserisse uma folha e tentasse tirar uma cópia. Indagando onde era que inseriria a folha, só para confirmar, e já abrindo a parte da frente, a funcionária disse-lhe que pusesse no compartimento de trás! Como eu ia saber? Quem diria, na frente era a saída... Segue-se uma maravilhosa cópia e um funcionamento impecável da impressora, Liana desculpando-se pelo problema e, voltando-se para mim: me desacreditando para sempre. Você é gênio, eu disse. Rimos demais.