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sábado, 21 de abril de 2012

Bruxas e Conexões - Abril 18


A primavera chegou com um ar de inverno e uns prenúncios de verão, porém toda flores. Ligações. Junto a isso, lembrei de como Humberto Eco ficciona em “O Pêndulo de Foucault” que o fascínio do ser humano por algo tem início a partir de quando os assuntos são interligados, dizendo isso quando está montando um plano mirabolante com seus amigos. Não é só o inverno que resta na primavera  e esta que prevê o verão, mas o que mais funciona em círculos, em laços, em conexões, principalmente o que não se conhece completamente, mas por pistas e que promete formar um todo. É por isso que as biografias são interessantes, eu sugiro.

No laboratório estamos perseguindo o que poderia ter sido consequência da poluição a que os ratinhos foram expostos, tal como uma superexpressão de moléculas inflamatórias.  Ciência. Trocando em miúdos, a tecnologia disponível no laboratório, em forma de dados, dá pistas de como podemos abordar o mal da poluição mais na frente, entendendo patofisiologias e propondo terapias.

As conferências ensinam bastante, a propósito, como quando aprendi que, quando se dá mais de mil cabeceadas numa bola por ano, pode acontecer uma redução do volume cerebral e levar a uma futura demência, dementia pugilistica – o que foi achado na autópsia de quase todos os jogadores de futebol americano autopsiados em determinado estudo. Outra, com palestrante de Vermont, serviu para tirar todas as dúvidas acerca dos RNAs de interferência e sua salada de aderentes e relacionados, que tanto são recentes na ciência quanto são importantes para a atividade do núcleo celular, das expressões genéticas, enfim, das definições do que realmente somos. Você diz que somos uma grande célula? Eu só anoto. Tudo isso abre a mente para um espetáculo científico, espelhado no dia-a-dia, o de desvendar mistérios que estão todos interligados e que por isso prendem pelo fôlego e fascina a muitos.

Nos mais, fui a Salém, sempre bem acompanhado, conhecer e sentir as energias da cidade que participou, no século XVII, do ciclo de caça-às-bruxas que tomou conta da Europa medieval e chegou à América mais tarde. A História, por sua vez, sem dúvida está interligando a cultura do ser humano por meio de cada fato, encantando e explicando a nossa própria essência, magicamente. Visitar a cidade e seus museus, além de uma moderada volta no tempo, nos ajudou a perceber o que a ignorância das pessoas aliada à falta de conhecimentos médicos era capaz de fazer: queimar seres humanos vivos inocentes. Experiência atemporal. O que hoje seria no mínimo uma perseguição ao sincretismo religioso que adorna a face da Terra. Culturas.