A primavera
chegou com um ar de inverno e uns prenúncios de verão, porém toda flores. Ligações. Junto
a isso, lembrei de como Humberto Eco ficciona em “O Pêndulo de Foucault” que o
fascínio do ser humano por algo tem início a partir de quando os assuntos são
interligados, dizendo isso quando está montando um plano mirabolante com seus
amigos. Não é só o inverno que resta na primavera e esta que prevê o verão, mas o que mais
funciona em círculos, em laços, em conexões, principalmente o que não se
conhece completamente, mas por pistas e que promete formar um todo. É por isso que as biografias são
interessantes, eu sugiro.
No laboratório
estamos perseguindo o que poderia ter sido consequência da poluição a que os ratinhos foram expostos, tal como
uma superexpressão de moléculas inflamatórias. Ciência. Trocando em miúdos, a tecnologia
disponível no laboratório, em forma de dados, dá pistas de como podemos abordar
o mal da poluição mais na frente, entendendo patofisiologias e propondo terapias.
As conferências
ensinam bastante, a propósito, como quando aprendi que, quando se dá mais de mil cabeceadas numa bola por
ano, pode acontecer uma redução do volume cerebral e levar a uma futura demência, dementia pugilistica – o que foi achado
na autópsia de quase todos os jogadores de futebol americano autopsiados em
determinado estudo. Outra, com palestrante de Vermont, serviu para tirar todas
as dúvidas acerca dos RNAs de interferência e sua salada de aderentes e
relacionados, que tanto são recentes na ciência quanto são importantes para a
atividade do núcleo celular, das expressões genéticas, enfim, das definições do que
realmente somos. Você diz que somos uma grande célula? Eu só anoto. Tudo isso
abre a mente para um espetáculo científico, espelhado no dia-a-dia, o de
desvendar mistérios que estão todos interligados e que por isso prendem pelo
fôlego e fascina a muitos.
Nos mais, fui
a Salém, sempre bem acompanhado, conhecer e sentir as energias da cidade que
participou, no século XVII, do ciclo de caça-às-bruxas que tomou conta da
Europa medieval e chegou à América mais tarde. A História, por sua vez, sem dúvida
está interligando a cultura do ser humano por meio de cada fato, encantando e
explicando a nossa própria essência, magicamente. Visitar a cidade e seus museus, além de
uma moderada volta no tempo, nos ajudou a perceber o que a ignorância das pessoas
aliada à falta de conhecimentos médicos era capaz de fazer: queimar seres
humanos vivos inocentes. Experiência atemporal. O que hoje seria no mínimo uma perseguição ao sincretismo
religioso que adorna a face da Terra. Culturas.
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